CAPÍTULO 2
Você deixou saudades
Quando o dia amanheceu, acordei com um sentimento estranho se
movendo dentro de mim. Eu estava com saudades. Uma dor forte dançava pelo meu
coração, mas eu não conseguia compreendê-la. Ah, claro! Como eu podia estar com
saudades de alguém que não conhecia? Sentir isso me feria. Compartilhamos o
mesmo guarda-chuva extragrande por cinco minutos apenas, nada mais. Por que
estava sentindo isso por ele? A saudade de seus olhos me olhando era como ácido
que começava a me corroer por dentro.
Peguei meu
celular e disquei depressa o telefone de Alice. Era sábado, ela estava de folga
do trabalho. Gargalhei internamente. Alice é uma sexóloga maluca, que vive
dando palestras em escolas e pulando de programas em programas na tevê. Conheci-a
durante uma participação em um programa sobre sexo e afins em um canal de TV
paga. Ela me conquistou aos poucos com aquele jeito maluco de ser e viver.
Aprendi muito com ela. Alice tem trinta anos e a considero como minha irmã mais
velha, tem dois filhos gêmeos e um salário de dar inveja em qualquer mulher.
─ Eu não sei mais
o que está acontecendo comigo! ─ eu disparei assim que ela atendeu o telefone.
Sua voz estava grogue e falava lentamente.
─ Estava dormindo?
─ Sim. Hoje é
sábado, a maioria das pessoas está na cama à uma hora dessas.
─ Desculpe estar
te acordando à uma hora dessas, mas é que eu preciso contar isso para alguém,
senão vou morrer sufocada! ─ eu disse com voz excitada.
─ Flavinha, não
acredito que o Eduardo conseguiu te levar pra cama de novo! ─ Alice falou em
tom de repreensão. ─ Amiga, quantas
vezes eu disse pra você não ceder a ele? Tudo bem, eu sei que ele é um loiro
maravilhoso, mas é seu ex. Te valoriza mulher!
─ Eu não citei o
nome desse traste! ─ soltei, sorrindo ao me lembrar de Rafael.
─ Me diga
então... o que aflige a minha amiga? ─ ela perguntou.
─ Ontem eu
conheci um homem MARAVILHOSO. ─ falei lentamente a última palavra, dando mais
ênfase. ─ Ele é cavalheiro. Cheiroso. É tudo de bom!
Contei-lhe o que aconteceu
com riqueza de detalhes. Mas como não aconteceu nada demais durante a minha
conversa com a dele, ficamos por ali. Vagando pelos “e se?”
─ Você não pegou
nem o número de telefone do cara? ─ Alice murmurou, após alguns minutos em
silêncio, onde me perguntava o que teria acontecido se tivesse feito algo
diferente.
─ Não, não
peguei. Sabe como sou lerda e tímida para essas coisas! ─ joguei-me na minha
cama completamente bagunçada, fitando o teto.
─ Flavinha, você
tem muito que aprender! ─ sibilou Alice.
─ O que eu faço
agora?
─ Jogue o nome
dele em todas as redes sociais que você conhece. Até Orkut vale nessas horas!
Você conseguindo qualquer informação dele é o que vale.
─ Orkut, não é
exagero Alice?
─ Querida, você
está desesperada atrás dele, qualquer coisa ajuda, até o velho e abandonado
Orkut.
Liguei o notebook
apressada sobre a cama. Meu cabelo castanho encaracolado caía livremente pelas
costas, mais bagunçado que nunca! Abri o Facebook, Twitter e o Orkut. As únicas
redes sociais que para mim, tinham alguma utilidade. Digitei o nome Rafael
Macário na busca. Repeti o mesmo com as outras duas redes.
─ Não existe
nenhum Rafael Macário no Facebook que se pareça com ele. Simplesmente nada. Até
procurei no Google, mais é como se ele fosse um fantasma. ─ falei para Alice,
completamente entristecida.
─ Em que mundo
esse homem vive, meu Deus? ─ disse ela do outro lado. ─ Sem Facebook, sem
Twitter. Orkut já era de se esperar que não o encontrasse, mas mesmo assim...
Em que mundo ele vive?
─ Eu deveria ter
pedido o número de telefone dele. Eu sou uma idiota, agora vou ficar com ele na
cabeça! ─ resmunguei. ─ Tem mais alguma dica?
─ Você disse que
ele é professor. E que se encontraram no centro da cidade. Anote o endereço de
todas as escolas que se localizem no centro da cidade e pergunte em uma por
uma, o nome do professor de Biologia. Simples assim.
─ Sério?
─ Estou tentando
ajudar. Esse é um bom começo. Você o encontra, diz o que sente, ele vai dizer
que também te ama e vocês de beijam. Fim.
─ Na teoria
parece fácil, mas quero ver isso na prática. Eu não tenho tempo nem para
respirar, Humberto está comendo o meu tempo!
─ Faz o seguinte
então... ─ disse ela, começando a se animar. ─ Liga pro seu chefe e inventa
qualquer mentirinha, diga que precisa viajar urgente. Vou comprar sua passagem
hoje mesmo, você embarca amanhã para Porto Alegre.
Meuuu conta mais , fiquei aqui louca de vontade de saber mais que o seu livro pra mim ....
ResponderExcluirhttp://simplesmenteanass.blogspot.com.br/
HAHAHAHAH muito obrigado Ana! Esse conto eu tô escrevendo aos poucos e postando aqui e no Wattpad. Você gostou de HDM, então? rsrs Beijos.
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